Sangue !

Hoje acordei com seu gosto na minha boca..gosto quente de líquido viscoso, de sangue !

Sai procurando você, seu pescoço. quero seu gosto de sangue, líquido quente, viscoso !

Onde você está ?

Andei por ai, embriagada pela sua falta, querendo você, precisando de você !

Vasculhei cada canto, entrei em cada casa, revolvi cada lençol, é de você que preciso !

Onde você está ?

És a bebida que me acalma, a droga que me satisfaz, o fetiche que me atrai !

És o gozo eminente, o toque que sossega, a boca que me acende !

Onde vocês está ?

Não me controlo, te vejo em cada um, te perco em cada um, te busco em cada um !

Tira de mim este desejo, o transforma em fato, me toma, me bebe, me devora !

Me dá tua boca, toma meu desejo, faz dele fato

Me faz levitar, suga meu mel, faz dele seu sangue

Correndo nas veias, veloz, espesso,

Te achei, se prepara, estou chegando.......

Rastejo pelas ruas, varro com meu desejo cada canto por onde você passou

Sugo suas forças, sinto sua presença cada vez mais perto

Espreito por entre becos, vou lambendo sua presença,

Subo as escadas, lavo cada degrau com o suor que escorre do meu corpo

Estou à sua porta, estou dentro da sua casa

Vejo uma luz, no fim do corredor, a sigo como cão de caça, rastejo

Meus cabelos escorrem pelo corpo e já estou junto a você

Nos seus pés, nas suas pernas, no seu sexo

Subo pela sua barriga, sinto seu peito batendo, pulsando

Sua respiração acelera, sinto seu corpo pulsar, num ritmo único

Sente minha presença, sente o perigo e se deixa levar

Viro sua cabeça, exponho seu pescoço, você treme

- Não resista - será rápido, intenso............

Meus dentes pulam para o seu pescoço e sinto você dentro de mim

A cada pulso, cada gozo, cada sôfrego gemido !

Te tenho, pra sempre ......

doces mordidas

Tempo !

Sempre ouvi dizer - deixa estar, o tempo é o senhor da razão !!!

Nada mais errado, quem disse isso aliás ??? Com o tempo, esquecemos dos verdadeiros motivos das amarguras e as deixamos como feridas abertas, esquecemos do quanto era bom esta ou aquela companhia e não nos lembramos mais das verdadeiras razões das brigas.

O pior disso tudo, é que achamos que é tarde demais para pedir desculpas, para perdoar ( ...quem somos nós para perdoar ) e vamos deixando...deixando !!

Não quero mais deixar nada pra trás e este é meu tempo de resignação :

Quero pedir desculpas

- por tudo que falei pra você;

- por tudo que não falei pra você;

- pelo tempo que não compartilhei de sua companhia e te privei da minha;

- pela falta do abraço;

- pelo comentário maldoso que fiz a seu respeito num momento de fúria;

- pelos momentos de fúria;

- por ter duvidado de suas intenções;

- por estar ausente nos momentos de felicidade;

- por não estar presente nos momentos de tristeza, fisicamente ;

- por não ser o ombro na hora necessária;

- por não te amar incondicionalmente;

- por ter esquecido que você também é humana;

- por ter esquecido que você me carregou 9 meses na barriga e 35 anos, 8 meses, 8 dias e mais algumas tantas horas em seus pensamentos;

....e sim, te desculpei há alguns tantos anos por menos da metade disso tudo !!!

"Tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de abraçar e tempo de afastar-se; tempo de amar e tempo de aborrecer; tempo de guerra e tempo de paz." (Eclesiastes)

doces mordidas

Escolhas

Na vida tudo são escolhas - e a cada escolha feita cabe uma colheita !

Nunca vi quem tenha plantado girassóis se surpreender colhendo vagem, ou mesmo quem tenha plantando rosas colher abóboras.

Ser semeador, requer responsabilidade sobre a mais importante etapa que é colher.

Hoje, joguei algumas runas que falavam sobre isso -

no Presente Jera representa a colheita,

no Passado, Perdhro representa a teia cósmica

e no Futuro Algiz é o escudo protetor .....

porque por mais fortes que possamos parecer, a proteção é sempre bem vinda, proteção essa que poupa de dissabores maiores, proteção essa que nos recarrega de energia para enfrentar batalhas ainda maiores !

Procurar ajuda, pedir ajuda, pedir colo - atitudes que demonstram não fragilidade mas nosso profundo respeito em admitir e aceitar que somos humanos, apenas humanos !!

doces mordidas

O Paraíso de Dante !

Ali deitada, tudo parecia se encaixar: o Sol no azul perfeito, o coqueiro no azul perfeito, o mar com sua espuma branca, lambendo as pernas, esfriando a areia.....
Lencóis brancos, cheiro de lavanda, brisa leve entrando pela janela – um presente, um brinde a vida.
Me levanto, ......ahhh, que delicia espreguiçar, sentir os fios de cabelo alongando, se preparando para enfrentar a vida. Tiro a calcinha branca, jogo em cima da poltrona e vou caminhando, dançando até o banheiro – aperto o play e lá está ela, me esperando, aguardando o show que virá na sequência ...... danço pra vc meu amor, sussurro pro cantor !!!
Abro o Box, ligo o chuveiro.....adoro a primeira ducha gelada, antes da água aquecer.....levanto os braços, sinto a agua escorrer pelos braços, tocar meus seios, minha barriga, entrar nos canyons....rsrsrsr, que arrepio !
Começo meu ritual, sabonete liquido na esponja, começo lavando meus pés, minhas pernas, coxas, um pouco mais de sabonete, passo delicadamente por entre as pernas, roçando os pelos..hum, volto a me concentrar, passo pela barriga e me demoro, em cada um dos seios, fazendo movimentos circulares em cada um, sem pressa, com calma, a musica dá o ritmo perfeito.....subo para o pescoço , a nuca...
Toda ensaboada, me lanço ao chuveiro para tirar aquela veste branca e sentir a água batendo contra meu corpo, me empurrando, me dando ânimo pra começar o dia.
Pego o shampoo, coloco nas mãos, e lavo meus cabelos, brinco com as mechas, novamente me visto de branco com a espuma escorrendo pelos braços, traçando um lindo desenho sobre meus seios. Não resisto e começo a tocá-los, lentamente, como um cego tateando e descobrindo seus formatos, rindo a cada sensação despertada, sentindo cada arrepio subindo pelas nádegas, coluna, nuca, terminando atrás da orelha – só não te percebo olhando pra mim, sentado perto da porta e, sozinha no meu torpor, continuo me descobrindo e te proporcionando a melhor visão do que poderíamos chamar de Paraíso.
Desço minha mão pela barriga, sinto os pelos finos, macios, molhados e, bailarinas exaustivamente treinadas, minhas mãos brincam por sobre montes, montanhas que proporcionam tanto prazer a cada passo dado, cada pirueta feita. Meus dedos tem vida própria, brigam para saber quem será o primeiro a encontrar o caminho...hummmmm, doce caminho.....um deles percebendo a distração dos demais pula pra dentro de mim, seguido por mais um ou dois que não querem esperar.......me abaixo, escorrego pelo chão de espumas e sou só sensações....o mármore duro nas costas, a espuma escapando pelo meu corpo, os dedos brincando no meu clitóris, nos meus seios...de olhos fechados me sinto tocada pelo mar num fim da tarde, morno......quando abro os olhos meu mar tomou sua forma, ali dentro comigo, cansado de apenas ser expectador, fazendo parte do meu Paraíso que neste momento começa a incendiar-se ....
e nem Dante poderia descrevê-lo melhor !

doces mordidas

Ama-me !

“...ama-me com força, com amor, com dor, com sol, com alma, com ódio, com riso, com choro, com doçura, com mel, com fel, com frio, com mãos, com corpo, com olhos, com línguas e olfactos...

ama-me com dorso, com costados, com palmas, com gelo ou com fogo...

ama-me com garra, com pena, com ternura ou com censura...

ama-me um minuto, uma hora, um dia, uma vida, um momento ou uma eternidade...

ama-me no ventre ainda ou já com muita idade…

ama-me com siso ou indeciso, com chuva, com vento, com água, com sal...

ama-me por um momento que seja para que esse momento perdure na vida ainda que essa vida não perdure nesse mesmo momento!...”

Joaquim Nogueira

doces mordidas

India

Este foi um dos muitos encontros que tive nesta vida ....

Saímos do hotel, eu pensando que sem destino, a procura de algum lugar para comer, mas tudo já estava planejado.

Chegamos num restaurante naquela Índia de começo de século, aquele clima, cheiros diversos, cores....começamos a comer . Na boca uma festa de sabores o doce, a pimenta que ora queima, ora extasia inundados por diversas sensações : tato, olfato, a música.....ahhh, a música sensual, envolvente - aquela dança, pés descalços......tudo envolve, todo desperta

Tiro meu sapato e começo a passar meus pés por suas pernas , conversando, como se aqueles movimentos não fossem meus. Subo pela perna, empurrando a calça, desço novamente...... olho nos olhos e vejo que nao só eu fui envolvida naquele clima

Peço pra irmos embora, mas você pede pra esperar, me tortura falando q espere pela sobremesa.... e ela chega.
De novo sensações loucas pela lingua, pela boca........ahhh, aquela pera nunca foi tão excitante como se fosse areia envolvendo minha língua, uma areia doce, fina. Aperto contra o céu da boca inundo minhas papilas com aquele sabor quente, doce, metálico.

Levanto então da mesa e digo que vou ao banheiro, sinto seu olhar no meu rebolar, me despindo, me puxando pela cintura e desapareço no corredor, mau iluminado.....

Quando vou entrar no banheiro, sinto sua mão na minha cintura me puxando para uma porta; consinto, entro na dispensa de alimentos e ali começamos a fazer amor :
com cada parte do corpo - com os olhos que se fecham e se fitam a todo instante, com as narinas que fazem festa pelos temperos ali armazenados...a páprica, o açafrão – mistérios do oriente; as bocas que procuram pelo que mais......mesmo....? Os sons de nossa respiração...ofegante, quente...... e a dança das mãos, que bailarinas, se encaixam em todas as fendas, profanam todos os templos, desbravam desfiladeiros

Nus......num universo de sensações, estou sentada sobre uma mesa e o encaixe dos sexos é perfeito.
Enlaço minha perna por trás das suas costas e ajudo no ritmo, lento no princípio, compassado, intenso
Meus seios pedem por seus lábios quentes, úmidos e me ofereço... como um presente dos deuses enviado só pra dar prazer.

doces mordidas.....

E em ti me eternizo ....

"...Os meus olhos pousam em ti e todos os meus sentidos te olham num delirar mútuo de atenção...
Vejo o teu corpo e deleito-me na tua alvura...
Cheiro o teu cheiro e aspiro a tranquilidade da tua paz...
Ouço o teu respirar lento, como um lamento que não lamento...
As minhas mãos tocam os teus cabelos e envolvem-se neles...
Acerco-me de ti e te toco...
Te sinto global e ali inteira frente a mim...
Beijo a tua boca e tudo se torna como num festim de doces carícias e sabor a sal...
Estou inteiro no teu corpo inteiro e me sinto nele como sinto o teu corpo em mim...
É apenas um abraço, um enlace de braços que apertam sem apertar, sentindo apenas o
teu respirar... Minhas mãos percorrem a tua pele acetinada linda... Fecho os olhos
procurando apenas sentir... E sinto o desejo crescer em mim e o teu arfar sobe de tom... Como é bom...
A minha boca se cola na tua boca e a minha língua se funde dentro dela como se da tua se tratasse... É apenas mais um enlace...
Sinto o teu peito quente junto ao meu e beijo teus mamilos num acto de procura da loucura...
Loucura que me invade lentamente, premente ali presente ou então como se tudo mais
estivesse ausente...
Meus braços te envolvem e se descobrem momento a momento como se fosse a primeira vez que no teu corpo se movem...
Sinto o cálido odor do teu corpo quente de amor, oferecendo-se como numa espécie de orgia sem pudor...
Minhas mãos tacteiam centímetro a centímetro toda a tua pele, todos os recantos de teus
encantos e se encontram, de repente, sobre o teu ventre quente, dolente... Afago
tuas coxas e as tuas ancas e as aperto contra mim... Procuro o teu sexo e o acaricio... Beijo-te completamente num único beijo e me torno desejo do teu próprio desejo...
Te envolvo num abraço mais e te penetro... És tu que me possuis... Não te tenho, és tu que me tens...
Movimentos se entrelaçam como se não fossemos dois mas um só... Os nossos corpos se fundem num arfar profundo de loucura...
Já não sei o que sou, apenas em ti estou... Eu sou tu e tu és eu numa fusão de ser e estar... Na verdade és tu que me possuis, eu não te tenho, és tu que me tens, em ti eu me dou...
E em ti me eternizo..."

Joaquim Nogueira

doces mordidas